Associate Professor in Computer Science
Data: August 3, 2022
Seu café começa a ser preparado no momento em que você acorda; as notícias começam a aparecer nas telas do seu apartamento enquanto você se prepara para o banho, com a água e o ar já nas temperaturas mais confortáveis para você. Durante o café da manhã, o Uber já está sendo chamado e a fechadura automática já está aberta, enquanto todos os eletrodomésticos já se preparam pra trabalhar na limpeza da casa enquanto você estiver no trabalho. Internet das coisas, esse é o cenário que a tecnologia promete, tudo conectado, aparelhos que colaboram, via rede sem fio de altíssima velocidade, estando eles em qualquer lugar da cidade. Pra que essa promessa comece a ser cumprida, tem um elemento essencial – sem ele, não dá nem pro começo: a tecnologia 5G.
O 5G é a evolução natural das gerações anteriores de rede de internet móvel, 3G e 4G. O 5G promete oferecer uma velocidade 20 vezes maior que o 4G. Também a cobertura tende a ser mais ampla – mais áreas cobertas, especialmente no interior do Brasil, áreas rurais e cidades menores. Outra coisa: as conexões tendem a ser mais estáveis – adeus “minha internet caiu”, com menor tempo de latência: a velocidade em que uma informação acessa o servidor central e volta, que cairá para a casa de 1 milissegundo, contra 20 ou mais do melhor 4G. Com isso, vários dispositivos podem se conectar na mesma rede, que por sua vez manterá a estabilidade para todos os aparelhos. Veja que isso não acontece no Wi-fi que temos em casa ou em locais públicos; quando tem muita gente conectada, a conexão fica ruim pra todo mundo!
O futuro com 5G deve mudar a relação dos usuários com a internet que usam; priorizaremos a conexão móvel, e provavelmente os cabos e fios estarão menos presentes. Isso já tem acontecido no exterior; por exemplo, a operadora Verizon começou a oferecer nos EUA modems sem fio para assinantes domiciliares, que se conectam ao 5G, servindo como roteadores wi-fi para o resto da casa – contando também com portas para cabos internos para computadores e smart TVs. O principal, talvez, é que as operadoras devem atender mercados que hoje não são atendidos. Apesar da capacidade da fibra óptica, base das instalações atuais, ser maior que o 5G, este por sua vez viabiliza o modelo de negócios para localidades onde a fibra não é viável. Por exemplo, para quem mora no interior ou áreas rurais, as operadoras devem instalar mais antenas, mais viáveis do que instalação de fibra óptica em cada propriedade. Nas grandes cidades, claro, a fibra continuará sendo a base de transmissão, por causa da infraestrutura já instalada. Provavelmente nós não saberemos mais qual é a internet que estaremos usando – não teremos mais a percepção de ser wi-fi ou dados celulares, a qualidade do serviço vai fazer isso ser indistinguível.
Existem ainda algumas questões técnicas que precisam de solução. Por exemplo, há a necessidade de instalação de um maior número de antenas, principalmente em cidades médias e grandes, onde o espaço para isso é escasso e custoso. Por trabalhar em uma frequência maior, o alcance das ondas é mais curto, e qualquer objeto físico – carros, prédios, pessoas – pode bloquear o sinal. Ou seja, antenas menores precisarão ser instaladas para atuar em conjunto com as antenas já existentes.
Outra coisa, o smartphone precisa ter suporte ao 5G, como hoje, no Brasil, é o caso de toda a linha iPhone 12, da Apple, e de alguns celulares da Motorola e Samsung.
Já existem operadoras oferecendo “5G” em algumas capitais brasileiras, mas esse é o chamado 5G DSS, que compartilha a frequência da rede 4G já existente. Não é a mesma coisa, mesmo assim tem maior velocidade e disponibilidade.
Bom, transpor esses obstáculos levará tempo, mas a tecnologia vai chegar. E aí os smartphones, carros, relógios, drones, eletrodomésticos devem formar uma estável e coesa cyber-comunidade. E disso, cabe a nós fazer o melhor uso possível.
nos dias 4 e 5 de novembro de 2021, Claro, TIM, Vivo, Brisanet e diversos provedores regionais puderam arrematar o direito de exploração de regiões e frequências para utilizar com 5G (e também alguma coisa de 4G).
Ao todo, a Anatel vendeu 45 lotes nas frequências de 700 MHz, 2,3 GHz, 3,5 GHz e 26 GHz. O leilão irá movimentar R$ 47,2 bilhões, mas muito desse valor será destinado aos compromissos de cobertura impostos pela Anatel; o edital impôs investimentos obrigatórios (cerca de R$ 40 bilhões) para até os próximos 20 anos, que serão descontados do preço das licenças. A diferença (mais ou menos 7 bilhões) entra no caixa do Tesouro. Entre esses investimentos obrigatórios, estão a distribuição de kits para evitar interferências em antenas parabólicas, limpeza das faixas ocupadas por TV, construção de uma rede privativa para o governo e para escolas públicas, e levar conexão para toda a região amazônica.
Já para os blocos regionais de 3,5 GHz, houve alguma disputa. Para o Nordeste e Centro-oeste, quem levou foi o grupo cearense Brisanet. Na cobertura regional, deve-se cobrir municípios de menos de 30mil, e construir infra de conexão em fibra óptica na sede de cada localidade atendida.