Tiago Massoni

Logo

Associate Professor in Computer Science

View My GitHub Profile

Airtag: bons e ruins?

Comentário: tecnologia boa ou ruim é o uso que damos a ela Data: September 14, 2022 Palavras chave: airtag, apple, segurança

Um rastreador digital. Já pensou em comprar um? Aliás você sabe o que é um rastreador digital? Uma utilidade para eles já se tornou tendência: achar uma mala perdida pelos aeroportos do mundo.

Rastreadores digitais talvez se tornem uma tendência. Muita gente está usando dispositivos, do tamanho de um pequeno chaveiro, dentro de malas para fácil localização em caso de extravio. Como no caso do Airtag, da Apple, usam pouca energia e não exigem conexão à internet para serem encontrados. Vamos ver como eles funcionam, e discutir sua utilidade.

Bom dia ouvintes da CBN,

Um pequeno rastreador digital tem ajudado viajantes com suas bagagens extraviadas, e recentemente ajudou a polícia norte-americana a prender um ladrão de malas que era, vejam só, funcionário de um aeroporto.

De nome AirTag, o rastreador desenvolvido pela Apple funciona a partir do Bluetooth. Ah sim, não é o único no mercado, tem concorrentes similares de outras marcas, como o Galaxy Tag, da Samsung.

Ao estar próximo a algum aparelho com o Bluetooth ativo, algo hoje muito comum, o dispositivo compartilha sua localização, que é enviada para o usuário.

Com isso, e usando pouca energia, esses rastreadores têm sido perfeitos para quem viaja, principalmente nestes últimos tempos de caos em que a falta de funcionários de cias. aéreas tem gerado muitos extravios de bagagens.

E foi isso que um viajante americano fez quando saiu da sua cidade para ir até Fort Walton, na costa oeste da Flórida. Ao chegar no seu destino, ele percebeu que faltavam várias coisas em sua mala. Ao todo US$ 1.600 em bens que tinham sumido, e dentre eles o AirTag, que apontava para uma casa numa cidade próxima ao aeroporto.

Pouco depois, outra viajante afirmou que US$ 15 mil em joias haviam sumido da sua mala, e a polícia concluiu, então, ter algo de estranho acontecendo no aeroporto.

Com os dados da localização da AirTag, a polícia pegou a lista de funcionários do Aeroporto e viu quem morava na quadra apontada pelo aparelho.

A lista apontou apenas o nome de um funcionário de 19 anos, que era terceirizado de uma empresa de handling, responsável por carregar e descarregar as bagagens do avião.

A polícia foi até a casa dele, e achou todos os pertences da mala da mulher, inclusive todas as joias. Ele foi preso com duas acusações, cada uma delas podendo dar entre 5 e 30 anos de prisão, além de multa.

Quem já viajou de avião e despachou bagagens sabe do que estou falando, aquele temor de chegar no destino e ver aquela esteira rodar, rodar, sem que a mala apareça.

Há muitas razões possíveis para o extravio de bagagem.

Estima-se que 41% das perdas aconteçam na hora de transferir a mala de um voo para o outro, frequente em conexões, quando o tempo entre a chegada de um voo e a saída do próximo é muito curto.

Já 18% seriam por erro de ticket ou troca de bagagem.

Quase 10 milhões se perderam em 2021, e os números mensais até agora prometem que em 2022 teremos muito mais.

Nesse contexto, a utilização de rastreadores parece se encaixar como um possível amenizador do problema.

O Airtag, da Apple, é conectado ao aplicativo Find My, usado já há tempos para localizar seus aparelhos pesssoais da mesma marca.

O rastreador pode servir como uma espécie de chaveiro, sendo acoplado a malas, mochilas ou carteiras, por exemplo.

Atráves do aplicativo, é possível rastrear o AirTag e encontrá-lo com a ajuda de indicações de som e imagem emitidas pelo tablet ou celular. Lançado em 2021 para concorrer com aparelhos de outras marcas, o preço de uma unidade gira em torno de 360 reais no Brasil.

O pequeno dispositivo conta com uma parte que pode ser aberta quando for preciso trocar a bateria.

O dispositivo é alimentado por uma bateria de moeda no padrão CR2032 que foi pensada para durar mais de um ano, de acordo com a Apple.

Ainda nesse sentido, o iPhone pode avisar o usuário quando for a hora de substituir o componente.

Ao contrário do que possa parecer, os AirTags da Apple não possuem conexão com a internet – muito menos via satélite. Para poder enviar a localização ele precisa estar perto de algum outro dispositivo Apple, como um iPhone, iPad ou MacBook, para ser identificado via Bluetooth. Ele conta com três tipos de conexão, o Bluetooth, o UWB e o NFC.

O AirTag faz parte de toda a rede da Apple, então ele está a todo momento trocando dados anônimos/criptografados com quaisquer dispositivos Apple nas suas proximidades, que então se comunicam uns com os outros, fazem a triangulação de suas posições geográficas e enviam esses dados para a nuvem do iCloud.

Com mais de 1 bilhão de aparelhos em uso no mundo todo, a Apple criou da noite pro dia, portanto, um pequeno dispositivo com alta capacidade de ser rastreado com boa precisão sem a necessidade de ter um GPS próprio ou comunicação direta com a internet. Seu AirTag pode estar do outro lado do mundo e ainda ser rastreado por você.

Claro que essa rede não é totalmente infalível e você pode dar azar de o seu objeto estar mesmo num local isolado (tipo no meio do Deserto do Saara), de forma que não possa ser rastreado. Mas o conceito de como a coisa funciona é sensacional, muito eficaz.

Como em aeroportos há muitas pessoas circulando com iPhones e afins, espera-se que haja uma boa “cobertura” para rastreamento de bagagens.

A Apple não recomenda que ele seja usado para rastrear crianças ou animais de estimação porque a localização do AirTag não é necessariamente atualizada em tempo real. Sendo assim, um cachorro que fugir de casa, por exemplo, até conseguirá ser rastreado; todavia, no momento em que você obtiver uma posição dele no mapa, até chegar lá ele poderá já ter se movido bastante.

E tem outro problema nesse ponto. Saiu na imprensa há alguns meses que uma americana, assim que chegou em casa, em Dezembro do ano passado, recebeu uma notificação em seu telefone, um barulho que ela nunca tinha ouvido antes.

A notificação dizia a ela que um dispositivo desconhecido estava seguindo seus movimentos.

Ela então abriu o aplicativo ‘Find My’ em seu iPhone.

“O aplicativo me mostrou toda a minha rota. Dizia ‘a última vez que o proprietário viu sua localização foi às 15h02’ e eu pensei: ‘isso é agora, estou em casa’.”

Ela ligou para a polícia, que lhe disse que não sabia o que fazer. Ela diz que o suporte ao cliente da Apple conseguiu confirmar que se tratava de um AirTag. “Eu fico com os olhos bastante abertos agora”, diz ela.

Ou seja, uma mulher estaria sendo rastreada por um dispositivo colocado no carro dela por um desconhecido. Pois então, a Apple também implementou no AirTag uma série de medidas contra isso, para evitar que o dispositivo seja escondido nos pertences de alguém que você queira seguir de forma indevida.

Se a pessoa em questão tiver um iPhone, ela receberá uma notificação no aparelho indicando que há um AirTag desconhecido a acompanhando após um certo tempo.

Mesmo assim, a imprensa americana reportou pelo menos seis casos de mulheres que estavam sendo rastreadas.

A empresa também diz que os AirTags têm mais recursos de segurança do que os produtos dos concorrentes. No entanto, há sinais crescentes de que eles estão sendo usados para atividades criminosas nos EUA. Nas mãos erradas, eles podem ser usados para um propósito diferente.

Pois então, esse é um tema recorrente por aqui. A tecnologia em geral é tão maligna quanto a natureza das pessoas que a utilizam. Neste caso, parece que os benefícios são de longe mais benignos, e os rastreadores devem se tornar uma tendência para objetos importantes que podem se extraviar ou ser roubados.

Um abraço e até a próxima.