Tiago Massoni

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Associate Professor in Computer Science

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Carne impressa em casa?

Comentário: impressoras 3D Data: August 3, 2022 Palavras chave: alimentos, impressora 3d

E se você, ao ter fome, pudesse imprimir seu almoço, direto do computador? Isso ainda está longe, mas já dá pra pensar, com a notícia de que cientistas brasileiros estão no grupo de pesquisadores produzindo carne a partir de modelos em impressora 3D.

E se você, ao ter fome, pudesse imprimir seu almoço, direto do computador? Isso ainda está longe, mas já dá pra pensar, com a notícia de que cientistas brasileiros estão no grupo de pesquisadores produzindo carne a partir de modelos em impressora 3D. Em laboratório, já há resultados na produção de pedaços de carne comestíveis produzidos usando essa tecnologia.

Bom dia ouvintes da CBN,

No último mês, cientistas brasileiros passaram a fazer parte do restrito grupo de países que começam a estudar carne produzida em laboratório.

Cientistas do SENAI CIMATEC, na Bahia, trabalham com células tronco extraídas de carne bovina. No microscópio, elas são vistas de uma forma parecida com folhas. Em laboratório, as células recebem nutrientes que se multiplicam.

Cria-se um meio nutritivo similar ao que acontece no organismo do boi, que é suplementado com aminoácidos, vitaminas, proteínas, açúcares, uma composição necessária pro crescimento celular.

Você deve estar se perguntando, o que tem de tecnologia da informação nisso? É que quando os pesquisadores conseguem a quantidade necessária de células para fazer uma pequena fatia de carne, começa a terceira etapa do processo. No computador, a equipe define a estrutura, o formato e o tamanho da peça que será produzida.

Neste momento, entra em cena uma impressora 3D, que cria uma peça semelhante a uma fatia de carne, até com camada de gordura nas bordas. As células são combinadas com biomateriais comestíveis que vão formar a parte sólida da carne de laboratório. Na pesquisa, está sendo usado um produto à base de quitosana, extraída da casca do camarão, substância usada aqui na UFCG, pelo laboratório de biomateriais, para criar uma máscara facil que mata virus e bactérias.

A carne produzida nesse processo ainda não é consumida, nem em testes. O Brasil não tem, por enquanto, regulamentação para o consumo desse produto, ao contrário de Singapura, que já aprovou a venda de carne de frango de laboratório. No Japão e em Israel as pesquisas também estão mais adiantadas.

Israel é um dos produtores que mais se destacam quando o assunto é carne cultivada. Em 2021, um laboratório israelense apresentou o primeiro bife de lombo bioimpresso do mundo, além de uma empresa que revelou ter feito o maior bife em impressão 3D do mundo, pensando 110 gramas.

Empresas em todo o mundo estão trabalhando para produzir carne cultivada nessa tecnologia, sob o argumento de que fazer isso sem criar e abater rebanhos é melhor para o meio ambiente, o bem-estar animal e, principalmente, a saúde dos consumidores.

O interessante desse fato é a aplicabilidade potencial da tecnologia de impressão 3D. Também conhecida como prototipagem rápida, é uma tecnologia de fabricação onde um modelo tridimensional é criado por sucessivas camadas de material.

O modelo é criado por software no computador, sem exigir um molde para a criação, o que sempre foi a regra na fabricação de componentes. O material, derretido na impressora, vai se acumulando até formar o objeto sólido. O processo, chamado de fabricação aditiva, é muito mais simples e seguro assim. Alguns modelos de impressoras 3D industriais podem utilizar uma boa variedade de materiais e milhares de cores, permitindo criar protótipos com boa precisão, aparência e funcionalidades dos produtos, por um custo relativamente baixo.

Com uma impressora 3D, basta desenhar o item em um software específico (por exemplo Autocad, ou Blender) e converter o arquivo para um formato compatível com a máquina para obter um protótipo.

Claro que o uso do software requer certo conhecimento técnico, porém, a dinâmica ficou bem mais simples.

Existem tipos variados de software, geralmente voltados para o setor do produto que será impresso – construção civil, papelaria, medicina e assim por diante.

Por isso, os custos para adquirir uma dessas máquinas variam bastante, entre cerca de R$ 2.000 até R$ 200 mil.

Elas utilizam técnicas próprias de impressão, dependendo de seus recursos e da matéria-prima com que trabalham. Vai de fios de plástico a resinas líquidas e partículas de metal.

A Impressão 3D surgiu em 1984, inventada por um engenheiro físico norte-americano do estado da Califórnia, CHarles Hull.

Ele criou uma máquina capaz de imprimir lâmpadas especiais, além de peças de plástico, a partir da ação de um laser. A primeira versão comercial veio em 1989; no entanto, só no Século XXI é que começamos a ver impressoras 3D rápidas e precisas o suficiente, produzindo peças em plástico ou metal sem necessitar de remanufatura ou ajustes.

Foi somente na década de 2010 que lojas de varejo começaram a vender máquinas portáteis diretamente aos consumidores finais e a custos atrativos (no caso menos de mil dólares).

Recentemente, as impressoras 3D tornaram-se financeiramente acessíveis para pequenas e médias empresas, levando a prototipagem da indústria pesada para o ambiente de trabalho. Além disso, é possível simultaneamente depositar diferentes tipos de materiais. Ramos como joalheriacalçadoarquiteturaautomotivoaeroespacial e indústrias de desenvolvimento médico usam-nas de forma disseminada.

Pacientes em várias partes do mundo já receberam próteses impressas em 3D para substituir ossos de diversas partes do corpo.

Pesquisadores em Israel e na Suíça desenvolveram um coração artificial, impresso em 3D com matéria orgânica, em testes para ser implantado em seres humanos. O potencial dessa tecnologia pode ser incalculável.

A tecnologia avançou a tal ponto que, nos EUA, o Departamento de Segurança Interna demonstrou preocupação com o compartilhamento, pela internet, de modelos tridimensionais de componentes de arma de fogo. Dessa forma, determinadas armas poderiam ser fabricadas em casa, fora do controle das autoridades. Imagina só.

Assim, é natural que o ramo de alimentos seja uma aplicação possível da tecnologia. A fabricação aditiva de alimentos está sendo desenvolvida com a impressão, camada por camada, em objetos tridimensionais. Uma grande variedade de alimentos são candidatos apropriados, tais como o chocolate e doces, alimentos e planas tais como bolachas, massas, e até pizza. A NASA diz estar estudando a tecnologia para criar alimentos impressos em 3D para projetar alimentos que atendam às necessidades alimentares de um astronauta.

%previsão pra carne chegar ao mercado

Em tempo, já que sei o que você deve estar pensando…vai demorar para imprimir em casa um quilo de picanha, viu? A produção em massa deve ainda demorar, porque a produção até o momento exige várias etapas realizadas apenas em laboratório. Além disso, quem provou diz que o gosto ainda não é lá essas coisas. Um gosto assim de isopor, puxado pro plástico…ou seja, quase o o mesmo de quando eu resolvo fazer o almoço.

Um abraço e até a próxima.