Tiago Massoni

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Associate Professor in Computer Science

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O Google lançou o Bard, o concorrente do chatGPT. Com ele, a empresa tenta usar o peso da marca Google para se posicionar no mercado da IA.

Lançado recentemente para concorrer com o chatGPT, o Bard é um chatbot do Google que usa IA para gerar texto, traduzir idiomas e responder às suas perguntas. O Bard ainda está em desenvolvimento, e é mais um player nesse mercado superaquecido de aplicações de Inteligência Artificial.

Bom dia ouvintes da CBN,

Chegou no Brasil neste mês de Julho de 2023 o Bard (B.A.R.D.), a cartada do Google para segurar a concorrência do chatGPT no cenário da inteligência artificial gerativa. Aquela, em que você conversa em texto com um robô que foi treinado em cima de milhões de textos na internet. O anúncio oficial havia ocorrido em Fevereiro, mas só agora podemos usar, de forma experimental.

O Bard está disponível em português e em outros 39 idiomas. O modelo por trás do Bard tem o nome de PaLM 2, e funciona de forma muito similar ao GPT da empresa OpenAI, que até agora estava dominando a conversa em torno dessa tecnologia.

Bom, você pode usar o Bard de várias formas. A interface é muito similar ao chatGPT, com uma caixa de entrada de textos e uma tela de rolagem com as respostas dadas pela IA. Você pode pedir para ela resumir textos longos, criar roteiros de viagem, montar rotinas de estudo, analisar códigos de programação, entre muitas outras opções.

Para acessar o Bard, é preciso logar no site oficial (bard.google.com) com uma conta Google. Em seguida, basta enviar os comandos para o chatbot, que mantém um histórico de interações, também bem similar ao do ChatGPT. É possível apagar chats antigos tocando no ícone de lixeira, que aparece quando você seleciona uma das conversas.

Um diferencial do Bard em relação ao ChatGPT é que o chatbot do Google conta com cinco estilos de resposta. São eles simples, longo, curto, profissional ou casual. Assim, caso você não goste da forma como o chatbot respondeu, você pode alternar entre os modelos. Ainda, você pode também indicar se gostou ou não da resposta, bastando tocar sobre os ícones de “👍” ou “👎”.

Se comparado ao chatGPT, o Bard possui algumas particularidades. Primeiro, ele realiza pesquisas na internet em tempo real, uma função ausente na versão gratuita do chatGPT, que foi treinado com textos de até 2021. O Bard traz até notícias e recomendações de lugares para ir, por exemplo.

O Bard também pode responder ao usuário em voz alta, bastando tocar no ícone de alto-falante, e, nos Estados Unidos, o chatbot ganhou integração com o Google Lens. Assim, ele tem também a capacidade de entender comandos com imagens. É possível também fazer comandos de voz, tocando no microfone, e você pode também levar a pesquisa para o Google, em “Pesquisar no Google”.

O Bard é do Google, então é óbvio que ele é integrado ao buscador do Google. Em cada resposta, o chatbot exibe o atalho “Pesquisar no Google” que, se selecionado, exibe as opções de pesquisa que talvez entreguem a informação que você procura.

O design do Bard reconhece que o bot não entrega respostas perfeitas, então tenta aumentar as chances de isso acontecer entregando três alternativas ao mesmo tempo. Assim, você pode conferir a resposta e opções adicionais para a sua solicitação ao clicar em “Acessar outros rascunhos”.

Uma função que se destaca é a capacidade de exportar os resultados de pesquisa diretamente para o Docs ou Gmail, sem a necessidade de copiar e colar.

Apesar da expansão, o Google diz considerar o Bard uma ferramenta em estágio “experimental”. A empresa afirma que não há, por enquanto, previsão de quando esse status mudará, mas disse também que pretende, com esse lançamento, colher mais feedbacks de usuários para melhorar o chatbot.

As alucinações acontecem quando o modelo de linguagem não tem dados suficientes para responder corretamente à pergunta, mas tem capacidade para formular uma resposta. Quando isso ocorre, o chatbot dá uma resposta errada de forma convincente - o que é especialmente perigoso num mundo em que a desinformação é um perigo.

De acordo com a big tech, esses feedbacks são revisados por um time de pessoas, que busca otimizar a IA para evitar problemas comuns a esse tipo de inteligência artificial - como viés preconceituoso ou as famosas “alucionações”. Esses problemas costumam acontecer porque, para treinar a IA, são usadas grandes bases de dados, que podem conter conteúdo enganoso ou enviesado, algo que acontece também com o ChatGPT. A empresa possui um time de revisores foi treinado para analisar e avaliar a qualidade de resposta.

Garantir que a resposta seja bem fundamentada e baseada em evidências, no entanto, cabe a milhares de contratados externos de empresas terceirizadas, muitas vezes mal pagos em países subdesenvolvidos, com treinamento mínimo sob prazos frenéticos, de acordo com reportagens investigativas recentes. Eis o custo humano da Inteligência Artificial.

O Bard chega no Brasil em meio a vários questionamentos sobre o modelo de negócio desses recentes aplicativos de IA, os modelos de linguagem amplos que geram texto depois de serem treinados em cima de muito texto na internet. Vários escritores e empresas de mídia americanas começam a abrir processos na justiça em defesa à propriedade intelectual dos seus textos, que eles alegam terem sido usados como base para o treinamento do chatGPT. Empresas como o Twitter e Reddit estão fechando acesso a suas bases de dados para que os textos dentro dos aplicativos não alimentem de graça as bases de treinamento de empresas que vão ganhar dinheiro com IA.

Pois é, o questionamento é legítimo: se o meu texto foi usado para treinar uma inteligência artificial que vai gerar lucro para você, eu não teria direito a uma parte disso? Eis a pergunta de 1 milhão…ops, 1 bilhão.

Um abraço e até a próxima.