Associate Professor in Computer Science
Anda ficando muito nervosa com mensagens no WhatsApp, ou nas redes sociais? Acho que você precisa de umas dicas. A internet está mesmo cheia de haters.
Em outubro, um grupo de organizações divulgou a chamada cartilha de “Autocuidado para influenciadores”, mostrando formas de como lidar com os HATERS da internet. Como manter a saúde mental nas redes sociais em meio a tanta gente que parece postar respostas feitas para irritar e ofender?
Bom dia ouvinte da CBN,
Se você usa qualquer rede social, certamente você já deparou com um hater em ação - um odiador, em português. No Twitter, no Facebook, no instagram, ou até no WhatsApp. Um hater é uma pessoa (ou talvez um robô) que vai até o perfil de alguém para criticar, xingar ou cometer algum tipo de assédio. Em muitas ocasiões, pessoas se juntam para fazer esses ataques, numa espécie de efeito manada.
Pois é, sem internet não teríamos o potencial enorme de adquirir informação e nos educarmos que temos hoje, não teríamos como nos comunicar com as pessoas queridas mesmo à distância, ou fazer negócios no mundo todo sem sair de casa. Ao mesmo tempo, essa é a mesma internet que criou o sentimento de ódio que se espalha feito fogo em rastro de pólvora.
É difícil explicar o que realmente acontece quando a gente se vê atacado e ofendido por alguém que não está na nossa presença, e que provavelmente não nos conhece. Uma mistura de raiva, frustração, de estar sendo injustiçado. Uma vez postei uma opinião no Facebook sobre um assunto da Universidade. Entre os que tinham opiniões consistentes com a minha postagem e os que discordavam de mim, a grande maioria das mensagens eram respeitosas. No entanto, o perfil de uma pessoa que eu nunca vi na vida, respondeu assim, para todo mundo ler: “opinião que não presta. Você é um imbecil”
Nessas horas, é importante respirar fundo e parar para pensar antes de realimentar um hater com mais uma resposta. Embora esse tipo de prática não ocorra pessoalmente, cara a cara, os ataques online de ódio também podem nos desestabilizar. Aliás, é justamente pela distância (e também pelo anonimato) que, na internet, essas situações são comuns.
Os haters anônimos não são as únicas fontes de ódio na internet. A irritação e frustração em interações online podem aparecer entre pessoas que se conhecem, mas num ambiente em que elas não estão juntas, cara a cara. Todo mundo tem pelo menos uma estória de conflitos sérios iniciados em grupos de família no WhatsApp, ou grupos de amigos no Telegram.
Para tentar ajudar as pessoas a lidar com esse problema, um grupo de organizações divulgou a chamada cartilha de “Autocuidado para influenciadores” em Outubro, com o apoio da Meta, o grupo que engloba Instagram, Facebook e do WhatsApp. Apesar de ser direcionada para os chamados influenciadores, muitas das estratégias de enfrentamento do problema valem também para usuários que não trabalham com a produção de conteúdo. Você pode baixar essa cartilha em: ainternetqueagentefaz.org.br
Em resumo, a cartilha faz as seguintes recomendações:
Não responda por impulso Esse é o tipo de conselho que pode ser mais fácil dar do que receber, mas o primeiro passo ao deparar com uma mensagem negativa é racionalizar sobre ela. Dependendo do caso, existem situações que envolvem mais um mal-entendido de interpretação das frases publicadas. Claro que isso não funciona quando a publicação é discriminatória e de assédio sexual/moral.
Educação é uma das melhores “armas” Há aqueles casos em que o hater parece ser alguém tão inseguro que desarmá-lo com suas próprias palavras pode ser uma solução. Nesse caso, se você se sentir confortável, pode ser mais interessante responder de uma forma educada, deixando a atitude agressiva da pessoa ainda mais ridícula para quem estiver lendo. Essa estratégia reforça ao hater que existe alguém de carne e osso do outro lado da tela. Algumas vezes, isso ajuda a quebrar um padrão de comportamento que essa pessoa talvez possa praticar de forma contínua.
Denuncie assédio e discurso de ódio As dicas acima são focadas em comentários negativos. No entanto, a coisa muda de figura quando há assédio direcionado e intencional. Todas as redes sociais mais populares possuem políticas contra discurso de ódio, o que inclui pautas sérias como o racismo e a homofobia. Portanto, denuncie diretamente à plataforma.
Denuncie às autoridades As denúncias de assédio, discriminação e perseguição podem ser feitas além do controle das próprias redes sociais. Formalize o problema em um boletim de ocorrência fornecendo o maior número de detalhes possíveis. Muitas cidades já possuem delegacias especializadas em cibercrimes. Faça prints dos comentários e de mensagens violentas e criminosas para compartilhar com a polícia. Você pode também registrar o caso pelo site denuncie.org.br, administrado pela SaferNet, órgão não governamental de defesa dos direitos humanos na internet. Haters muitas vezes contam com a ideia de que a pessoa que está sofrendo assédio não vai levar o assunto adiante, deixando-os livres para prosseguir com seu comportamento.
Proteja sua saúde mental Se você está se sentido emocionalmente vulnerável diante de mensagens ofensivas, procure ajuda especializada, e considere não usar mais certos aplicativos, ou pelo menos dar um tempo.
Recentemente, como parte das organizações que lançaram a cartilha, a Meta lançou, ao mesmo tempo, mudanças no instagram, com a preocupação de tornar a rede menos tóxica. 1) Proteção nos comentários e nos Stories – Agora o Instagram aprimorou a ferramenta “Palavras Ocultas” e funcionará em diversos idiomas. Ela irá que não são termos, mas frases inteiras sejam ocultadas, dificultando os discursos de ódio no aplicativo. 2) Bloqueio de haters – No aplicativo já é possível bloquear várias contas criadas a partir do mesmo e-mail. E agora, o aplicativo irá bloquear também futuras contas dessa pessoa. 3) Gentileza nas DMs – Agora a plataforma irá mandar mensagens para alguém. São os recados chamados “lembretes de gentileza”. A pessoa vai receber um incentivo para ser gentil nas DMs do criador de conteúdo.
Pois é, temos que nos cuidar. E nos encontrar. Face a face é tão mais fácil.
Um abraço e até a próxima.