Tiago Massoni

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Associate Professor in Computer Science

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Vários assuntos na tecnologia no ano de 2022. Sobre o que se falou mais nesse ano? Algumas mudanças profundas marcaram os últimos doze meses.

Do 5G ao Twitter. Do avanço da inteligência artificial à preocupação com o efeito das redes sociais na saúde mental das pessoas. Vários assuntos agitaram o mundo da tecnologia no ano de 2022. Sobre o que se falou mais nesse ano? Através de um apanhado do que essa coluna discutiu esse ano, vemos como mudanças profundas marcaram os últimos doze meses.

Bom dia ouvintes da CBN,

Alguns diriam que o ano de 2022 foi o ano em que a bolha da tecnologia estourou, em que todos os ganhos da indústria advindos da pandemia estão cobrando seu preço, e que o peso das decisões tomadas nos escritórios modernos do Vale do Silício será menor em nossas vidas a partir de agora.

Outros diriam que a correção de rota era necessária, e que o aparente declínio econômico do faturamento sobre produtos tecnológicos (principalmente redes sociais) é apenas transitório para avanços gigantescos no futuro próximo, em relação principalmente à inteligência artificial.

ChatGPT, Dall-E; inteligência artificial essa que deixou todo mundo em alerta esse ano, por causa dos chamados modelos de linguagem e suas aplicações, em sistemas que conversam com a gente com um realismo assustador. Passamos o ano brincando com sistemas inteligentes que geram fotografias que nunca foram tiradas de pessoas de verdade, ou vídeos em que alguns aparecem mesmo sem terem sido filmados. Tudo muito divertido e assustador na mesma medida. Vejam o exemplo do aplicativo Lensa, que usa uma técnica chamada de Difusão Estável para criar avatares de altíssima qualidade, nossas versões virtuais, a partir das nossas fotos – essa aí que vários dos seus amigos estão postando no Instagram. A corrida pelos sistemas inteligentes vai mesmo ameaçar nosso modo de vida? Percebo que todo ano eu me faço essa mesma pergunta, com cada vez mais medo da resposta.

O ano começou com sérias ameaças às promessas das criptomoedas; a promessa de que essa seria a principal forma de pagamento em pouco tempo, acabando com o mercado das instituições financeiras tradicionais. Nada disso aconteceu, e casos de especulação estouraram, com prejuízos gigantescos para muitos investidores no mundo todo. O ano termina com governos articulando nova regulação para moedas que pretendiam, vejam só, ser independentes dos governos.

Em 2022 os casos de roubos de contas de Instagram e whatsApp, e de contas em bancos virtuais foram assunto, com um número crescente de vítimas. A tendência, depois dessas coisas irem sendo noticiadas com frequência, é o aumento da preocupação com a segurança dos dados. Por exemplo, bandidos sequestram contas de Instagram, tentando vender produtos que não existem nos Stories para receber transferências via Pix em nome de laranjas. Podemos no entanto adicionar camadas de proteção nas nossas contas, com algumas configurações. Houve um aumento no download de aplicativos de autenticação, que podem ser usados em substituição do SMS como recurso de recuperação de senhas, considerado inseguro pelos especialistas.

Mesmo assim, a indústria de eletrônicos não tem muito do que reclamar em 2022, com muitos eventos grandes de lançamento de volta, depois dos anos pandêmicos. Nos smartphones, os celulares dobráveis parecem que vieram pra valer; são poderosos como qualquer smartphone, mais compactos, com a sensação boa de desligar fechando, como antigamente. iPhones vieram na sua versão 14, grande câmera, grande tela, enorme preço.

E o 5G? Implantado em algumas capitais de forma experimental, mas ainda pouco pra falar. Teremos ainda que passar, até 2026, por muitas transformações de infraestrutura nas cidades grandes, além das trocas dos smartphones por modelos compatíveis. Pelo menos, em 2022, o assunto está mais na cabeça das pessoas, deixando de ser uma promessa abstrata. Isso exigiu um esforço coletivo dos municípios para padronização e implementação da legislação que permitiu a instalação de rede 5G.

As redes sociais sofreram mudanças importantes. Da ameaça do TikTok ser banido dos EUA enquanto o Instagram se esforça para imitá-lo um pouco mais a cada dia. Do caos no Twitter depois que um bilionário queria fazer dele um brinquedo, que se tornou sua propriedade por meros 44 bilhões de dólares; uma rede que perdeu 75% dos seus funcionários e que não sabemos se continuará existindo no final de 2023. E a Meta, que teve engajamento recorde no WhatsApp em 2022, mas se viu ameaçada pelo dinheiro que anda investindo (talvez desperdiçando) numa ideia de metaverso que não é tão nova assim. Além disso, anunciando perdas de dinheiro da publicidade digital no Instagram e no Facebook, que tem ido para outras mídias.

Em 2022 vi mais gente preocupada com o tempo que se gasta conectado nas redes sociais, através da instalação de temporizadores que tentam evitar o excesso, controle parental no Instagram, até a total desinstalação dos aplicativos através do chamado DETOX digital. Gastamos muito tempo da nossa vida hoje olhando para o smartphone, é fato. Mas não há dúvida de que esse excesso faz mal. Ter uma relação mais saudável com o smartphone envolve uma força de vontade enorme, mas existem ferramentas que podem nos ajudar, já incluídas nos smartphones mais modernos.

Seria esse um bom plano para 2023?

Uma abraço e até o ano que vem.