Tiago Massoni

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Associate Professor in Computer Science

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Você andaria em um táxi sem motorista? Habitantes da cidade de São Francisco, nos EUA, tem permissão para usar o serviço. Mas como funciona esse serviço?

Recentemente, empresa obtiveram aprovação para operar taxis sem motorista em São Francisco, gerando debates sobre segurança, empregos e privacidade. Apesar das preocupações públicas com incidentes e obstáculos, a tecnologia de veículos autônomos avança. A opinião pública continua sendo um fator crítico. Mas será que esse serviço funciona sem problemas?

Bom dia ouvintes da CBN,

Duas empresas de taxi sem motorista, a Waymo e a Cruise, foram autorizados recentemente a operar seus serviços de robotáxis pagos 24 horas por dia, 7 dias por semana na cidade de São Francisco, California, após uma acirrada audiência pública de seis horas, na qual os moradores expressaram seu apoio e oposição aos veículos. Isso é uma grande vitória para os operadores de veículos autônomos, que gastaram dezenas de bilhões de dólares na tecnologia com muito pouco retorno até agora.

A Comissão de Utilidades Públicas da Califórnia (CPUC) votou 3 a 1 a favor de permitir que as duas empresas operem seus veículos a qualquer hora do dia em toda a cidade de São Francisco, cobrando por viagens.

Esse tema foi motivo de enorme discussão por lá. Há vários registros e reclamações de veículos autônomos bloqueando estradas, causando engarrafamentos e obstruindo veículos de emergência.

Atualmente, as empresas oferecem apenas serviço limitado. Depois dessa permissão, essas empresass podem operar de forma semelhante ao Uber - viajar por toda a cidade, a qualquer hora do dia, e cobrar dinheiro pelas viagens.

O serviço, como esperado, enfrenta pedidos e protestos em São Francisco. Um tema recorrente foi o ceticismo em relação às grandes empresas de tecnologia que não têm os melhores interesses da cidade de São Francisco no coração. Opositores também rejeitaram os veículos autônomos como ferramentas do estado de vigilância, repletos de câmeras e outros sensores que poderiam ser entregues às autoridades quando solicitados.

Outros lamentam a perda de empregos representada pelos carros autônomos. Caminhoneiros, membros de sindicatos e motoristas de compartilhamento de carros expressam ansiedade por serem substituídos por um computador.

O serviço de robotáxi dessas empresas funciona como um sistema de transporte sem motorista com tecnologia avançada de inteligência artificial. Os carros são todos elétricos, equipados com um complexo sistema de sensores, câmeras e algoritmos de navegação. Os usuários precisam baixar um aplicativo no smartphones, por onde eles solicitam a corrida, mais ou menos como funciona o Uber. O sistema de inteligência artificial recebe a solicitação e planeja a melhor rota para a viagem com base nas condições de tráfego atuais e as regras de trânsito. Um dos veículos da frota é enviado para pegar o passageiro no local de partida. Durante a viagem, o carro monitora continuamente o ambiente ao redor, detectando obstáculos, outros veículos e pedestres. Aos passageiros basta acompanhar a viagem pelo aplicativo e receber atualizações sobre a chegada. O pagamento é processado automaticamente pela plataforma.

Muitos habitantes de São Francisco estão cansados de serem usados como cobaias por essas empresas de tecnologia. Primeiro vieram Uber e Lyft. Depois, os patinetes elétricos. Agora, são os carros autônomos. Natural, afinal a cidade é o epicentro do chamado Vale do Silício, onde as maiores empresas de tecnologia possuem suas sedes.

Mas outras cidades seguirão o exemplo. A Waymo tem seu foco em Los Angeles e Nova York, enquanto a Cruise está testando seus veículos em Miami e Austin, Texas. As empresas estão sob enorme pressão para gerar receita após suas empresas-mãe terem investido dezenas de bilhões de dólares por mais de uma década com muito pouco dinheiro entrando em seus cofres.

Bem, a questão da opinião pública torna essa discussão bem relevante. Afinal, quando um grande evento adverso eventualmente ocorrer, toda essa opinião pública acumulada vai tornar muito mais difícil para as empresas lidar com a situação. Por exemplo, um veículo da Waymo atropelou e matou um cachorro pequeno, inspirando um memorial em forma de pintura na rua em homenagem ao cão mártir. No dia seguinte à aprovação em São Francisco, um dos carros da Cruise atolou em um trecho de concreto fresco, com imagens e vídeos divulgados em redes sociais, dada incapacidade do robotáxi em identificar o que é estrada e o que é concreto fresco — mesmo que o local estando com marcações de cones e funcionários usando coletes refletivos. À medida que mais veículos são implantados e as empresas começam a comercializar o serviço, mais obstruções são esperadas.

Há também apoio - pessoas com deficiência ou desconfiadas de motoristas humanos. Afinal, a disrupção e o incômodo tendem a andar de mãos dadas; as mudanças importantes na sociedade e causaram muitos inconvenientes e desconfortos, mas não podemos viver sem eles hoje. Os aspectos negativos ganham manchetes e as paixões fortes atraem mais atenção. Mas a conveniência e a usabilidade no dia a dia para muitos clientes (supondo que isso se torne realidade) começarão a prevalecer.

Um abraço e até a próxima.